Emprego atípico do verbo "to be"

Caros,

Lendo o texto "What Pragmatism Is" do acadêmico C. S. Peirce me deparei com o emprego do verbo "to be" que me pareceu um pouco incomum. Segue o trecho:

"[...] for he and they are as oil and water, and though they be shaken up together, it is remarkable how quickly they will go their several mental ways..."

Embora seja possível traduzir intuitivamente para algo próximo a "... e ainda que eles sejam sacudidos juntos, é notável quão rápido...", eu não entendi o motivo pelo qual o verbo "to be" apareceu em sua forma infinitiva, na medida em que o comum seria ele concordar com o pronome pessoal "they", isto é, "they are/were".

Ficaria grato se alguém puder me explicar isso.

Atenciosamente,
Gustavo.

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Gustavo, eu pesquisei a passagem que você enviou e encontrei a frase completa:
With intellects of widely different training from his own, whose education has largely been a thing learned out of books, he will never become inwardly intimate, be he on ever so familiar terms with them; for he and they are as oil and water, and though they be shaken up together, it is remarkable how quickly they will go their several mental ways, without having gained more than a faint flavor from the association.

PEIRCE, Charles Sanders. What Pragmatism is. Retrieved January 3rd 2014 from: <http://www.cspeirce.com/menu/library/by ... pragis.htm>
Após a leitura do trecho acima, percebi que a frase se encaixa em um uso peculiar do modo subjuntivo em língua inglesa. Trata-se de um modo verbal raro de se ver na linguagem cotidiana, mas que tem seu espaço em textos acadêmicos. Neste modo verbal, utiliza-se a forma do 'bare infinitive' (sem o to), com alguns objetivos específicos:
1. Eventos que podem ou não ocorrer: algo que alguém deseje, imagine ou preveja que acontecerá:
  • The director requests that you be present in the meeting.
    It is important that the students try to get good grades in college
2. Second conditional com o verbo to be (observe que esta é a exceção: para todos os outros verbos no passado, utiliza-se o verbo no bare infinitive; para o verbo to be, no entanto, sempre use a forma were):
  • If I were you, I would call him soon; he seems desperate.
    If anything like that were to happen, she'd be the first one I'd blame.
Observe que, nessas estruturas, o subjuntivo é sempre o mesmo, tanto para o tempo presente quanto para o passado:
  • Presente: Peter's mother requests that they stop the party.
    Passado: Peter's mother requested that they stop the party.
Creio que, na passagem que você enviou, o autor utilizou o modo subjuntivo para tratar de cenários hipotéticos ou traçar analogias. Uma análise mais profunda do texto - após a leitura sobre o modo subjuntivo em língua inglesa- certamente permitirá que você se sinta mais confortável com esse tipo de construção.

Mais informações sobre o modo subjuntivo em inglês: Cheers!

P.S: Como regra geral, se eu estivesse escrevendo um ensaio acadêmico, eu privilegiria os verbos modais e a concisão em detrimento de construções complexas utilizando o modo subjuntivo. O leitor se perde facilmente em períodos longos, principalmente se essses estiverem recheados de orações subordinadas e cenários hipotéticos.
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Isa Mara Lando é uma referência entre os profissionais de tradução. Ela já traduziu mais de 100 livros, entre eles estão obras de autores aclamados, como: George Orwell, Salman Rushdie e Walter Isaacson (a biografia de Einstein). Nesta aula gratuita, Isa dá várias dicas de vocabulário. ACESSAR AULA
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Creio que pode ter havido um erro neste texto. No trecho que você transcreveu, parece estar faltando algo, provavelmente um verbo modal [may/might/can/could].

"[...] for he and they are as oil and water, and though they may be shaken up together, it is remarkable how quickly they will go their several mental ways..."

O trecho não se encaixa em nenhum uso do verbo to be que eu recorde agora.

Cheers!
Eu pensei a mesma coisa na primeira vez em que eu o li. Mas, considerando que esse texto é uma reprodução (não uma tradução) feita pela Harvard University Press do papel original em que o Peirce, conceituado filósofo anglo-saxônico, escreveu, achei que era muito mais provável o problema estar na minha falta de conhecimento do que num equívoco do escritor ou da editora da Harvard University. Enfim, quem sabe não surja alguém que nos desvele esse impasse.

De qualquer forma, fico grato pela atenção!
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Eu entendo que o significado é e ainda que eles sejam postos juntos, é notável quão rápido eles irão para os seus respectivos hábitos de pensamento (hábitos mentais)"

[Isto é, quando se fizer uma equipe de químicos e físicos, os físicos vão pensar como físicos e os quimícos como químicos, não havendo uma ''interseção" ou "uma terceira via" de pensamento. 1+1 igual a 1 e 1; sendo 1 de um tipo de pensamento e 1 de outro tipo.
1+1 não é 2, como se esperaria.]

Shaken up togheter - para mim o "shaken up" é por ênfase, dando a idéia de "forçosamente", como quando você mistura duas coisas junto no liquificador. :) Dá aquela sacudida...e pronto, tá misturado.

O problema (talvez) é que você, Gustavo, está pensando em termos de possibilidade. Ou seja, "ainda que" significaria "mesmo que/apesar de que/embora", ou seja ainda que "seja o caso de eles serem misturados"

Quando pelo que ele tinha dito antes, (ele - o físico ou químico pensado separadamente - e "eles" como o grupo de "físicos e químicos - quando juntos" são como óleo e água.) ainda que eles sejam misturados é notável/singular como eles rapidamente eles irão para os seus respectivos habitos mentais ...

Nesse segundo sentido, ele fala de uma realidade e o "embora/ainda que" não é uma possibilidade, mas uma realidade (na cabeça dele, é real, para efeitos de explanação).
É um "ainda que", mas não que "seja o caso de serem misturados", para ele "é o caso". Tipo, ''quando" se misturam...quando estão/são misturados.

Para mim a frase faz sentido como está, em inglês. Contudo na primeira leitura não fez, tente lê-la mais vezes, se continuar sem sentido, se tiver complicado dê um grito aqui que a gente tenta de novo.
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Talvez se você pensar melhor assim "e ainda que eles estejam misturados/postos juntos/numa mesma equipe"...

Fique mais fácil "desenrolar" esse "be" da sua cabeça. Melhorou agora? ;)
E não é tão atípico, uma vez que o verbo "to be" é "ser/estar". Atípico é você ouvir isso nas escolas por aí. :lol:
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Paulo, nesse caso, o meu problema não está na interpretação, e sim na construção sintática da frase, ou melhor, no emprego do verbo "to be" no infinitivo sem concordar com o pronome "they". Quanto a sua interpretação envolvendo as partes anteriores do texto, acho que você cometeu um pequeno equívoco. O "ele" se refere ao experimentalista e o "eles" aos intelectos de ampla diferença de formação [educacional]; A minha questão consiste em entender o motivo pelo qual ele construiu a frase daquele modo ao invés deste: "...and though they can be shaken up together...", ou então, pensando como uma realidade efetiva ao invés de uma possibilidade, "...and though they are shaken up together...". Eu compreendo frases como "Be yourself", ou então ", "Be careful", frases que se enquadrariam nas imperative clauses [orações imperativas] que, de fato, se caracterizam pela ausência do sujeito (e, portanto, do pronome com o qual o verbo concorda) e o uso do verbo em sua forma de base, mas me parece que esse não é o caso da frase em questão.
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Yeah, you are right about the "experimentalist" stuff.
As for the fact of "they" and "be" lumped togheter in the same sentence, it would be wrong by comtemporary standards. That´s right.

Yet, it seems that in academical texts and old English (meaning Shakesperean texts, religious texts etc...) it can be put togheter, no problem with grammar (of the time, I mean).

In this vein, nobody debates the grammar of:

Bible (KJV version, to illustrate.)
Romans 7:1 Know ye not, brethren, (for I speak to them that know the law,) how that the law hath dominion over a man as long as he liveth?
2 For the woman which hath an husband is bound by the law to her husband so long as he liveth; but if the husband be dead, she is loosed from the law of her husband.
3 So then if, while her husband liveth, she be married to another man, she shall be called an adulteress: but if her husband be dead, she is free from that law; so that she is no adulteress, though she be married to another man.


In the NASB you can see the verse 3 corrected...

3 So then, if while her husband is living she is joined to another man, she shall be called an adulteress; but if her husband dies, she is free from the law, so that she is not an adulteress though she is joined to another man.

both here for comparison
http://onlineparallelbible.com/romans/7.htm




In the same vein, nobody disputes Shakespeare´s quote grammar.
'Though she be but little, she is fierce!'

(she is short (mignon/a little thing), but she is brave!)




http://www.biblestudytools.com/commenta ... ohn/8.html
"according to your own tradition will I judge you; if you are without sin, stand to the charge, and let the adulteress be executed; but if not, though she be guilty, while you that present her are equally so, according to your own rule she shall be free.’’



So, the ver "to be" in this cases is now "is" to ''she"/"are" to "they" (BE traduzido: seja/esteja/sejam/estejam), yet it seems it was used equally in plural or singular forms. So it could be "they...be" or "she/he...be" (in the ancient grammar way, of course)
Realmente, o que ocorre na frase em questão é o emprego do verbo "to be" no modo subjuntivo. A explicação da Longman é bastante esclarecedora e corrobora esta interpretação: "Subjunctive form rare in present-day English (although they were once much more common). Subjunctive verbs are invariable and thus do not exhibit subject-verb concord.The present subjunctive is the base form of the verb, used where the s-form of the verb would occur normaly." (Os grifos são meus).

Fico grato pela atenção e auxílio de ambos!
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Ótimo, A. Dodger. Só faltou você mencionar que isso foi escrito em 1905. É puro caso subjuntivo, moda da época, em tais contextos.