Carol, obrigado pelo contato.
O quesito pronúncia provoca muita polêmica quando se trata de professores de inglês brasileiros. Em primeiro lugar faço uma crítica muito ácida a alguns professores (espero que não seja esse o seu caso) que não se esmeram no estudo sistemático da fonética. Nossos alunos não são especialistas na língua e nós sim. Temos que saber de onde vêm os sons, como se formam, o que acontece com as junções consonantais/vocálicas, etc.
Pensemos num exemplo bem comum: quando começamos a fazer academia ficamos todo doloridos durante um tempo porém com a constância do exercício os músculos vão se acostumando e já incorporam tal movimento como sendo comum. Falar outro idioma tem função semelhante: alguns sons que produzimos quando falamos inglês nunca foram articulados antes pelo nosso trato vocal então é questão de costume mesmo.
Daí entramos na questão da pronúncia do profissional de ELT do Brasil. Nos treinamentos que tenho dado ao longo destes anos de magistério vejo que muitos professores têm "ouvido fechado". Ou seja, "aprenderam" determinada pronúncia de determinada palavra de forma incorreta e mesmo que ouçam documentos reais (filmes, músicas, séries,etc) não se atêm à melhora da pronúncia incorreta e continuam falando da forma de sempre. Só falamos bem quando ouvimos bem e agora entro no seu questionamento: o quanto mais o aluno ouvir corretamente, mais corretamente ele vai falar (quanto mais input melhor será o output). Com relação à correção, fazer exercícios de drills, de repetição, mesmo que algumas abordagens condenem, eu ainda considero essencial para uma boa fluência. Pontuar uma pronúncia incorreta pode expor o aluno, mas há várias maneiras de fazer um exercício de awareness, olha a seguinte: escolha um dia e anote discretamente os erros mais crassos dos alunos, numa outra aula, que não precisa ser a próxima, elabore algumas frases que contenham tais palavras e diga assim, "Vou ler um texto com alguns erros de pronúncia, tentem descobrir quais são" e daí vai. Você fez uma correção pedagogicamente aceitável e não soou como correção.
No meu curso de inglês para professores desmistifico muitas das crenças que alguns professores têm com relação à pronúncia, como as consoantes finais (pronunciar dog como "dógui"), letra S impura ("students", "istudênti") etc e muitos saem do curso tristes pois lecionam há mais de 20 anos e sempre ensinaram incorretamente. Em contrapartida muitos também se enchem de presunção e dizem, "Faço isso há mais tempo que você então vou continuar fazendo assim".
Se você quiser posso passar uma bibliografia com vários títulos sobre a aprendizagem de pronúncia pois formei muitos dos meus conceitos atuais estudando-os.
Agradeço seu e-mail e é sempre reconfortante receber contato de colegas professores que realmente estão preocupados com como seus alunos aprendem, é muito valioso e renderá frutos muito positivos, tenha certeza.
Atenciosamente,
Resposta enviada pelo Prof. Adir Ferreira via Email