Será que não dá pra viver mais devagar e mesmo assim ser competitivo? A impressão que tenho é que quanto mais informação temos à disposição, menos a “digerimos”. Considero “digerir”, o processo mental que transforma a informação em conhecimento, aquele momento em que fazemos a relação entre a informação nova com tudo aquilo que já sabemos. A cada dia nos tornamos mais leitores de títulos e subtítulos e consumimos menos conteúdo. Qual foi a última vez que você leu um texto sem aquela ansiedade de passar para o próximo ou fazer outra atividade? Você consegue se concentrar num texto por 10 minutos?
Claro que toda essa correria tem um impacto negativo no aprendizado. Num mundo do rápido, dos livros “aprenda em 21 dias” ou “aprenda em 15 minutos”, onde o efêmero é a regra, talvez não exista espaço para o sustentável e para a qualidade. Tenho sempre a impressão de que o rápido não combina com aprendizado, ao passo de que a calma e a tranquilidade, sim.
Desde o meio do ano passado (2011), venho utilizando a seguinte filosofia de trabalho: “Eu prefiro fazer certo do que fazer rápido”. Um dos resultados disso foi que consegui executar em 3 meses um projeto que estou tentando tirar do papel há 3 anos. O que acontecia antes é que a afobação para fazer rápido, rápido, rápido; me fazia ficar dando voltas e não saía nada.
Vamos levar isso para o aprendizado de um idioma. Vou contar para vocês uma “novidade”, aprender um idioma demanda tempo, dedicação e muito esforço. Aprender é um idioma é um processo complexo que envolve, de certa forma, ensinar ao cérebro uma nova forma de processar a informação. Acho interessante que para matérias consideradas complexas não existem livros que vendem o rápido, ou você conhece algum livro com o título “aprenda Física Quântica em 15 minutos”? Mesmo que exista, acho que não faz muito sentido.
Veja só que informação interessante:
Os pesquisadores (Bloom (1985), Bryan & Harter (1899), Hayes (1989), Simmon & Chase (1973)) mostraram que leva cerca de 10 anos para desenvolver expertise em qualquer uma de várias áreas pesquisadas, incluindo jogar xadrez, composição musical, operação de telégrafo, pintura, tocar piano, nadar, jogar tênis e pesquisar neuropsicologia e topologia. A chave é a prática deliberativa: não apenas fazer de novo e de novo, mas se desafiar com uma tarefa que está além da sua capacidade atual, tentando, analisando sua performance durante e depois da sua execução e corrigindo seus erros. Então, repita. E repita mais uma vez. Não existem atalhos: até Mozart, que era um músico pródigo desde os 4 anos, levou mais de 13 anos até começar a produzir música clássica mundial. Fonte: Imasters
Preste atenção no termo “prática deliberativa” ou “prática deliberada”. Essa parece ser a chave para se desenvolver uma habilidade com excelência. Gravamos um podcast onde detalhamos o assunto: English Podcast 36: Como utilizar o cérebro.
No mesmo texto li uma outra passagem interessante:
Malcolm Gladwell afirma que um estudo dos estudantes na Berlin Academy of Music comparou os primeiros alunos da classe, os medianos e os últimos, e perguntou a eles quanto haviam praticado:
Todos, de todos os grupos, começaram a tocar mais ou menos juntos – perto dos 5 anos. Nesses poucos anos, todos praticaram mais ou menos o mesmo tanto – cerca de 2 a 3 horas por semana. Mas por volta da idade de 8 anos, as diferenças reais começaram a emergir. Os estudantes que eram os melhores da classe tinham começado a praticar mais do que todos os outros: seis horas por semana aos 9 anos, 8 com 12 anos, 16 por semana com 14 anos e mais e mais, até a idade de 20 anos, em que eles estavam praticando mais de 30 horas por semana. Aos 20 anos, a elite dos apresentadores tinha um total de 10 mil horas de prática durante o curso de suas vidas. Os estudantes medianos tinham, por sua vez, 8 mil horas, e os futuros professores de música pouco mais de 4 mil horas. Fonte: Imasters
Algo muito importante, a pesquisa citada acima foca em profissionais top de linha, os melhores em suas áreas. Claro que com a metodologia certa para você, não serão necessários 10 anos ou 10.000 horas. Devemos valorizar o processo, o estudar todos os dias. Devemos sentir prazer em ter contato com o idioma.
Se todos concordarem que a persistência é importante já terei chegado ao meu objetivo com o artigo. Algumas pessoas afirmam que é possível perceber os resultados da prática deliberada já nas primeiras 20 horas.
Quantas horas você já somou? Quantas horas você está disposto a colocar no seu banco de horas hoje?
Bons estudos!
Referências
- How To Become A Web Design Expert
- Ensine Programação a você mesmo em 10 anos
- A lei das 10.000 horas é uma farsa
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