Dá para Viver Mais Devagar?

Dá para Viver Mais Devagar?

Recebi o relato abaixo numa época em que os conteúdos da internet ganhavam repercussão e eram disseminados por e-mail. Muitos dos recursos que temos hoje como os botões de curtir, o joinha e suas variações não haviam sido desenvolvidos.

Muitas informações sobre a Suécia e suas empresas estão incorretas (texto riscado), mesmo considerando a data em que o texto viralizou, outras eu não consegui verificar a veracidade. No entanto o importante não são os dados do texto e sim a reflexão que ele nos leva a fazer sobre como estamos vivendo nossas vidas.

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O texto me impressionou em 2007, quando fiz a publicação original, de lá pra cá nada mudou, tenho a mesma sensação sempre que releio. Considerando que muitos leitores do EE não eram nascidos na época, fica a recomendação. Leia como se fosse um conto, não como um matéria de jornal!

Slow down

Já vai pra 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa Sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora dois anos para se concretizar, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, causa em nós aflitos por resultados imediatos (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) uma ansiedade generalizada, porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo. Os suecos discutem, discutem, fazem “n” reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais “slow down”. O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui. E vejo assim:

1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes;
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare.

Nada mal, não? Pra ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA. Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.

Vou contar para vocês uma breve história só pra dar noção. A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio leve e nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro… Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã perguntei: “Vocês tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, e estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final…” e ele me respondeu simples assim: “é que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar – quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?” Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu pra rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association – cujo símbolo é um caracol -, tem sua base na Itália (o site é muito interessante). O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, “curtindo” seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A ideia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida. A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week em sua última edição europeia. A base de tudo está no questionamento da “pressa” e da “loucura” gerada pela globalização, pelo apelo à “quantidade do ter” em contraposição à qualidade de vida ou à “qualidade do ser”. Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas / semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%. Essa chamada “slow attitude” está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do “Fast” (rápido) e do “Do it Now” (faça já). Portanto, essa “atitude sem-pressa” não significa fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais “qualidade” e “produtividade” com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos “stress”. Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer e das pequenas comunidades. Do “local”, presente e concreto, em contraposição ao “global” – indefinido e anônimo.

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Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais “leve” e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos felizes fazem, com prazer, o que sabem fazer de melhor. Nesta semana, gostaria que você pensasse um pouco sobre isso. Será que os velhos ditados “Devagar se vai ao longe” ou ainda “A pressa é inimiga da perfeição” não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura? Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de “qualidade sem-pressa” até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da “qualidade do ser”? No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego (vivido por Al Pacino) tira uma moça para dançar e ela responde: “Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos.”

“Mas em um momento se vive uma vida” – responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme. Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem infartados, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem por igual. Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon… “A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”. Parabéns por ter lido até o final… Muitos não irão ler esta mensagem até o final, porque não podem “perder” o seu tempo neste mundo globalizado. Pense e reflita: até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família, de ficar com a pessoa amada, de ir a missa nos domingos de manhã, ir pescar no fim de semana? Poderá ser tarde demais…

Autor desconhecido

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Alessandro

Alessandro Brandão

Alessandro é fundador do English Experts e do Fórum de idiomas. Trabalha também em projetos na área de Ensino a Distância (EaD).

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